quinta-feira, 18 de junho de 2009

A relação dos índios e homem branco

A reportagem do Mural presenciou, na feira da Linha Amarela, uma imagem não muito comum: uma indiazinha de 2 anos, arrastava uma sacola com frutas. A criança parava de barraca em barraca, apoiava a sacola no chão e contava as moedas que carregava. Quem observa a cena fica comovido, não apenas por serem crianças pedintes, mas principalmente por serem indígenas.
O vendedor Fernando Lima, da barraca de bananas, ouve a criança pedir um cacho. Não resiste e lhe dá as frutas. Ele afirma que a cena não é inédita. “Eles costumam pedir por frutas ou dinheiro e não conseguimos negar.” A criança, atrapalhada, ainda segura uma latinha de refrigerante nas mãos. Tenta guardar as frutas recém-adquiridas em uma sacola plástica e cai no chão. A psicóloga Michele Batalini ajuda a criança. “É um absurdo eles estarem nessa situação, pedindo esmola. A mistura de culturas e a falta de auxílio criam esse problema”.
Na esquina de uma rua, na própria feira, estavam a mãe e mais uma criança sentadas na calçada.“Vim do Paraná há 5 anos em busca de melhores condições de vida. Moro com meus filhos e me sustento com das vendas de artesanato”, disse a mãe. Segundo o feirante Gerson Escudeiro, as crianças pedem frutas e os feirantes ajudam. “Elas vêm desacompanhas da mãe, mas sabemos que estas estão por perto”, afirmou. Já a pasteleira Simone Emiko conta que as crianças, além de comida, querem dinheiro. “A maioria pede R$1,00 e alguns clientes contribuem”.
Para Marcos Roberto Rodrigues da Silva, funcionário da panificadora Nova Marquesa, na Rua Martim Afonso, é comum ver índias e crianças na porta do estabelecimento durante o dia. “Os índios não incomodam e até fazem compras na padaria, mas a presença deles nas ruas prejudica a imagem da cidade. Eles vendem artesanato nas calçadas e as pessoas os consideram mendigos”, afirma.
A vendedora Isabele Duarte se interessa pela mercadoria que os índios vendem na rua. “É melhor comprar esses acessórios autênticos, do que em qualquer armarinho. E ainda contribuímos com eles, que foram roubados e tão injustiçados no decorrer da história.” Apesar das diversas faixas espalhadas pelo Centro, orientando que dar esmola não é a melhor alternativa, muitas pessoas que passam por locais onde estão os índios, colaboram com uma quantia em dinheiro, mesmo sem adquirir as mercadorias.

Daphine Machado e Fabíola Ferreira

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