quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Todos à mesa

A partir das 8h30, a fila começa a se formar no Bom Prato de São Vicente. A maioria das pessoas que esperam na calçada é formada por idosos, que chegam cedo para colocar o papo em dia e rever os amigos conquistados durante as refeições.
O restaurante popular, que fica na Rua Ipiranga, no Centro da cidade, é um galpão que recebe 1.200 pessoas por dia e serve pratos balanceados, como arroz e feijão acompanhados de frango, batata palha, abóbora, farofa, salada e pãozinho, por apenas R$ 1,00. Além da refeição, estão incluídos no preço suco e sobremesa.
Um sistema planejado pelo gerente administrativo do Bom Prato SV, César Ianni, estabelece a divisão da quantidade de alimentos por cores de bandeja. Para quem come menos, o almoço é servido em bandejas verdes; nas vermelhas, a quantidade é maior.
Nutricionistas controlam o tamanho das porções de comida e evitam o desperdício. Os copos descartáveis, usados para servir o suco, são doados a ONGs da Cidade, que fazem a reciclagem do plástico.
A comunicação interna também foi idealizada por Ianni. Caixas de som e um microfone são canais para o anúncio do expediente, informações do cardápio e outros avisos.

Almoço em família - Nas paredes do galpão, imagens que simbolizam valores cristãos: solidariedade, família e comunidade. A Santa Ceia, de Leonardo da Vinci, é um dos quadros que representam a simplicidade do ato de servir e compartilhar com o próximo. “Me sinto nos tempos de Jesus, quando todos se reuniam sem preconceitos para sentar à mesa e partilhar o pão”, comenta César Ianni.
Em outra parede, o retrato de Irmã Dolores recorda a luta da missionária para implantar uma unidade do Bom Prato em São Vicente. Falecida em 2008, a líder comunitária foi homenageada com a mudança do nome do bairro Quarentenário, na Área Continental do município, para Jardim Irmã Dolores, onde existe outro restaurante popular desde 2007.
A influência religiosa fortalece os laços de afetividade entre funcionários, voluntários e frequentadores. O encontro diário faz com que a intimidade seja natural. Não existe relação cliente-funcionário - quando se encontram, eles se cumprimentam pelo nome, com muita alegria, abraços e beijos.
Além dos frequentadores assíduos, o público é composto por moradores de rua, carrinheiros, funcionários do comércio do Centro e moradores de outros bairros.


Cássio Freitas e Nathália Geraldo (texto e foto)

Um comentário:

Anônimo disse...

Cássio e Nathália
Parabéns pelo texto.
Beijos,
Cidinha